02 junho 2009

Em queda livre!



Há mais uma vítima deste horrível acidente e essa vítima é a comunicação social. Não não é pelos belos exemplos acima ilustrados (como será que cai mesmo um avião?) mas pelas memórias dos repórteres de imagem em cima dos familiares das vítimas.
Exagero, com certeza, mas apenas na resposta directa à exigência de uma audiência global ávida de notícias de uma tragédia. Depois todos criticam, claro, mas querem ver. Eu também e se fosse comigo ia às trombas a alguém, mesmo colega de profissão, só que a culpa é de quem manda e, em última análise, do consumidor, o mesmo que fica chocado quando tem que ver como o profissional consegue aquilo que quer. É como ter abertura para a cozinha de um restaurante chinês ou de uma fábrica de rissóis. O que os olhos não vêem...
Claro que há o argumento válido da moderação, mas em todo este processo tal não é compatível com os ditames da concorrência global. E global, por exemplo, era a imagem de uma senhora a chorar no aeroporto de Paris, capa de quase todos os jornais do Mundo que eu vi.
Era bom que tudo fosse diferente, mas é preciso que as pessoas tenham consciência de que para ver sangue, alguém tem que sujar os pezinhos nele para mostrar o que se passa!

Um comentário:

Pedro Emanuel Santos disse...

Belo texto, retrata bem o que se passa no terreno, retrata. Eu que o diga, que tanto sangue andei a pisar para que os outros se regalassem com ele. Gostava? Claro que não. Mas tinha sempre noção que apenas poderia ir até onde a dignidade, a minha e de quem estava a sofrer na pele com a desgraça, mandasse.